17.11.06

Fôlego (Poema sem causa e efeito)

Seria inútil ungir a manhã com flores e perfumes de flores, vez que ando pelo mundo procurando mais do que se pode ver, encontrando além do que se percebe os sentidos mundanos.
Sempre a beleza da verdade estampa os sons nos corações e mentes daqueles que se emocionam com o verde cru e frio da palavra proferida sem arreio, sem guarida.
Percebo um véu de nuvens, um emaranhado de pensamentos me atrapalha, mas nada que diferente fosse do caminhar de um pequeno inseto sobre a gota de orvalho que quanto mais pisa, quanto mais passa, permanece a inércia, a impotência.
Desatando o nó dos sentidos, laçado com os desejos inconfessos e atado à um coração insano e latente, desaprovo o mel que me servem, buscando o fel com fervor, na ânsia angustiante de desmembrar alma e corpo, céu e chão, mar e sal.
Me encontro e em tal encontro me espanto com a força do tanto, do pouco e do nada, que corrompe, preserva, sacia e exaspera.
Em meio a tanto desmando, desvario e desembarco da loucura alucinante que se alcança ao beber da água branda, sagrada e gelada, extrato puro e verdadeiro da alma humana, que é a flor das flores e com cor, sabor e som, sem fugir da letra e do tom, chamo de tal Amor.

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