27.11.06

Da Criação ( ou a origem da arte e da guerra)

Como já disse o poeta Tom Zé, não existe nada de novo na música tocada pelo mundo atualmente - e particularmente Tonza, tenho minhas dúvidas se algumas vez já houve.
Pela lógica linear da história musical que conhecemos, os primeiros músicos da nossa espécie foram os primatas, mais específicamente os nossos ancestrais, fronteiriços temporalmente com os macacos (veja bem, citei a lógica linear) com seus pedaços de galhos ressoando nos troncos de árvores e nas carcaças dos animais caçados, sendo copiados até hoje, dos metaleiros aos timbaleiros.
Ao contrário do que ocorre atualmente, quando os músicos são vinculados e rotulados à uma postura pacífica, sensível e por muitas vezes improdutiva, os primeiros "humanos" podem ter encontrado a música quando encontraram a possibilidade de subjugar outras espécies e outros indivíduos da sua própria espécie.
As primeiras utilizações do polegar opositor que proporcionou o manuseio de ferramentas e a própria origem da palavra manuseio foram teoricamente, para a caça, visto que a sobrevivência de sua vida e da prole era sua única e exclusiva preocupação.
Assim, com os tacapes batendo contra troncos para sinalizar algum perigo ou para se comunicar com elementos do grupo distantes, os primitivos aprenderam a música através do ato brutal e produtivo da caça.
Gostamos tanto que até hoje utilizamos peles de animais para a fabricação de instrumentos de percussão. Sem contar que as primeiras cordas de intrumentos como a harpa eram feitos de tripas de animais.
As violas de cocho, violas utilizadas no folclore Mato - Grossense, eram à até pouco tempo, feitas de tripas de macacos e porcos-ouriços e só foram substituídas por naylon, pela proibição da caça.
Assim, a arte nasceu com a guerra, como irmãs díspares, como opostos na mesma carne.
Teria essa teoria alguma coisa relacionada ao fato de que o período mais fértil e produtiva da música contemporânea nacional ter ocorrido em tempos de repressão e violência?
O fato é que precisamos de motivação viceral para fazer abrolhar a criatividade, precisamos de sentimentos e emoções sinceros para produzir com qualidade e força.
Sim, força é exatamente o que precisa a música para ser feliz e como a guerra felizmente é a cada dia mais repelida por mais e mais pessoas, como não haveria de ser de outra forma, a inspiração se origina dos nossos conflitos inerentes e internos.
Que aprendamos a nos inspirar mais pelas rosas e pelos ventos que pela rosa-dos-ventos.
BG.

Um comentário:

B.G disse...

Lembrando sempre que as rosas são providas de espinhos e que de ventos são formados os furacões.

BG.