por Braulio Garcia
Certa vez me percebi pensando em coisas imperiosamente definitivas e verdadeiras e inicialmente me calquei no ponto inicial de qualquer questão abstrata, qual seja para mim, o questionamento sobre a real existência - digamos prática, de um conceito tão forte.
A questão é que se tivesse que apostar em coisas imperiosamente definitivas e verdadeiras neste mundo de alta volatilidade, apostaria no Amor (mas esse é um tema que exige um tratamento individual, fora deste contexto), na mudança e na morte e é aí que começamos o fiar da meada.
A morte representa, por si, a mudança definitiva, “a ida sem volta”. Sejamos religiosos, pensadores, céticos ou o que mais pudermos ser e ainda teremos a morte como mudança definitiva, ou seja, nunca mais somos o que somos em vida quando morremos.
No modo inverso da análise, entendo que a mudança, em todos os níveis em que ela possa ocorrer, é inicialmente morte e finalmente vida, a mesma vida só que posicionada de outra forma. Tentarei explicar.
A mudança ocorre também em coisas pequenas, como o pensar diferente sobre um gosto, ou sobre um não gosto. Um olhar diferente sobre sua própria vida, por exemplo, pode parecer uma mudança simples, mas pode ser o início de outras grandes mudanças. As escolhas constituem o prefácio de toda a mudança, tema este que já tratamos - mesmo que vagamente, por estas “paragens”.
Quando em um momento decisório agimos, ou seja, somos o “quê” e o “como” sempre fomos, já mudamos, pois no mínimo deixamos de ser aquele que tinha outra escolha. Ao escolhermos ser diferente estamos conscientes da mudança e principalmente da relação morte/nascimento que tento atribuir à mudança.
Sendo a mudança, o efeito inicial e final das escolhas, somos donos deste poder, deste Livre - arbitrar e temos sempre em frente, o abrolhar de uma nova vida e deixamos para tras o naufragar de um agora velho viver.
Acredito no fechar dos ciclos e no quão primordial é aprendermos sobre o que isso significa e a importância de se realmente cuidar destes que são os momentos mais importantes que temos em vida, o fechar dos ciclos, o curar das feridas.
Ao escolhemos ser quem somos ou não ser quem somos, escolhemos pelo fim de uma vida, ou seja - a morte, e pelo início de outra – um nascimento.
Mais importante do que sabermos disso é aceitarmos cada uma destes pontos com a mesma intensidade de gravidade e tranqüilidade.
Além do mais, o fechamento de ciclos pode ser tão prazeroso, quanto o início de novos.
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Todos os direitos ao autor.
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